A LUA, que é a própria imagem do capricho,
olhou pela janela
enquanto dormias em teu berço,
e disse consigo mesma:
- "Esta criança me agrada."
E desceu maciamente a sua escada de nuvens,
e deslizou sem ruído através das vidraças.
E pousou sobre ti
com um suave carinho de mãe,
e depôs as suas cores em tuas faces.
Então, tuas pupilas se fizeram verdes,
e tuas faces
extraordinariamente pálidas.
Foi contemplando essa visitante
que os teus olhos
se dilataram de modo tão estranho;
e ela com tão viva ternura
te apertou a garganta
que ficaste,
para sempre,
com vontade de chorar.
Baudelaire
Obra "JANELAS", gentilmente presenteada pelo talentoso artista "baiano universal": Burity.